Cotidiano, Crônica

Sinal

Eram 8h da manhã e eu levantei da cama para um dia cheio de trabalho, o único da semana que trabalho os dois turnos. Vesti-me em menos de 15 min, tempo suficiente para eu por meu guarda-roupa abaixo e provar pelo menos meia dúzia de roupas. Com saia longa, rasteira e grandes brincos, estava pronta. Café rápido, passadinha no banheiro, beijo no João e tchau. Já estava atrasada, como sempre.

Entrei no carro, liguei o som e bora, rumo a Balneário Camboriú onde fica o jornal. Com Ana Carolina & Seu Jorge no som, nem ligo quando a sinaleira fecha bem na minha vez de passar. Quando morava em Blumenau achava que isso era azar. Neste dia eu tive certeza. Sinaleira aberta e lá vamos nós, né? Acho que não. Meu carro não liga. Tento virar a chave três vezes e nada. Me dou conta que estou andando na reserva há três dias. Pronto, estava sem gasolina na Avenida do Estado e era a primeira numa fila a perder de vista.

Fiquei dentro do carro por alguns instantes sem saber o que fazer. Já buzinavam atrás de mim quando resolvi sair do carro. Sem pensar direito no que faria fora dele, eu olhei para a fila e abri os braços como quem diz: Não sei o que fazer. Volto pra dentro do carro e fecho a porta. Pensa, pensa, pensa. Um homem atravessando a rua. Bingo. Ligo o pisca alerta e saio para pedir ajuda. Como era difícil colocar a cara para fora. Peço envergonhada. Ele se recusa, desavergonhado. Quero me jogar no primeiro buraco. Não havendo buracos, preciso de outra solução.

Loja de material elétrico à direita, lugar perfeito para achar um homem para me ajudar com o carro. Abordo o primeiro barbudo que vejo e pronto, achei um homem feliz em ajudar uma mulher com o carro sem gasolina no meio da avenida. Ofereço ajuda para empurrar. Ele ri, diz para eu relaxar e ficar dentro do carro. Dez minutos e 100 metros adiante, meu carro estava estacionado. Ufa, resolvido. Agradeço e lhe entrego uma nota de R$ 5 quando na verdade eu teria pagado R$ 100 para sair daquela situação. Ele me olha com espanto e alegria e diz:

– Você tinha um problema e eu tenho outro. E a gente se ajuda. Muito obrigada! – e contente ele se despediu.

Apesar da situação toda, aquelas últimas palavras me deixaram com um sorriso estampado. E cantando Ana Carolina & Seu Jorge, fui andando comprar dois litros de gasolina. 

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