Crônica, Filosofando, Pessoal

Falsa intimidade das redes sociais

Sinto que no mundo atual, altamente tecnológico, onde baseamos nossas relações íntimas com as pessoas pelos contatos que temos via redes sociais, está nos afastado cada vez mais da verdadeira intimidade. Daquela real, daquela que fala o que realmente sente e que se faz ouvir.

Quantos amigos íntimos temos no Instagram e Facebook? Eu, por exemplo, encontrei uma amiga final de semana e parecia que a tinha visto ontem. Nos falamos quase toda semana, eu acompanho sua vida pelos stories, interajo com eles e conversamos quase que semanalmente. Conversando, descobrimos que não nos víamos há mais de um ano! A rede social nos aproxima da vida cotidiana das pessoas, nos diz o que elas estão fazendo, o que estão comendo, o que estão estudando, onde estão frequentando, e com quem, e o que bebem nesse momento. Mostram seus filhos crescendo e seus lutos pelas pessoas que perderam.

Mas o que elas sentem? Isso não fica claro pra ninguém. O que elas sentem de verdade. A foto que ela postou com o marido mostra a felicidade estampada nos seus olhos, as fotos dos filhos, que a maternidade ela está tirando de letra e nossa, quantos amigos novos ela fez. E baseados em postagens, memes, vídeos e stories vamos construindo a vida dos nossos amigos através dos nossos celulares, nos sentimos íntimos deles e sem fazermos ideia do que eles estão vivendo na realidade!

Com isso, nossa capacidade de ser íntimo pessoalmente esta se perdendo! “Pessoalmente não to tão feliz com meu marido, como você viu semana passada nos meus posts”, “Pessoalmente eu to esgotada, trabalhando muito e sem vontade de fazer quase nada”. Mas não se diz mais isso, mesmo que pessoalmente. Uma pessoa atenta nota, percebe que as coisas não vão tão bem como naquela foto de pôr do sol do dia anterior. Algumas pessoas, mais sinceras, dizem as frases acima, mas, a grande maioria está vivendo o faz de conta criado por ela mesmas nas redes, e “não deixe de curtir minhas postagens, tá?!”.

Tem muitas verdades ou ideias que não podem ser ditas num comentário de uma foto, porque ele soa, por vezes, agressiva ou sem empatia, mas que dito no olho a olho, faz-se entender sem magoar ou ofender. E como esse contato está cada vez mais raro, estamos também engessando nossa capacidade de sermos sinceros mesmo pessoalmente.

Não costumo postar minha rotina, meus jantares, minhas festas e minhas intimidades nas redes sociais, faço isso esporadicamente. Será que eu deixei de existir para muitos amigos? Quem não é visto, não é lembrado! Será? Se eu não existo na mídia, eu não existo no mundo?

Tenho o costume de me cansar e sair de grupos de WhatsApp, mas deixo claro que estarei no privado quando quiserem conversar, mas, sinto que deixei de existir, porque tem uma mágoa pessoal da saída do grupo que é maior do que se não comparecer num jantar, por exemplo, sem nem mesmo dar uma explicação. Esses atos são perdoados, mas o Ana Saiu, não! Será que a presença, muitas vezes falsas atrás de teclados e emojis, virou nossa referência de relacionamento?

Estou fazendo a campanha pela intimidade em forma de encontro, porque somente a honestidade dos relacionamentos presenciais geram a intimidade que nós precisamos enquanto seres humanos. Vamos beber junto, rir, chorar, se abraçar, brigar e fazer as pazes. O mundo perfeito das redes sociais não nos sustenta, não nos nutre, não nos fortalece. Ele nos frustra e acaba nos afastando cada vez mais do verdadeiro sentido da vida, o encontro e o aprendizado que temos com ele!

E a pergunta que fica no final desta reflexão é: Quanta vulnerabilidade somos capazes de suporta pra conseguir manter as relações interpessoais ao vivo e a cores? Deixe sua resposta nos comentários!

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Ócio criativo ou ócio destrutivo?

Qual ócio você prática? Hahahaha. Eu confesso que sou uma praticante assídua das duas formas de ócio, criativo e destrutivo. Eu queria? Não, queria só viver o ócio criativo, mas é incontrolável pra mim a forma destrutiva de viver.

Tem semanas que prático o ócio criativo, invento moda, invento histórias, crio, faço Instagrans, faço planos, vendo, compro, anúncio, escrevo, ganho dinheiro e gasto tudo.

Daí passa um tempo e eu começo a praticar o ócio destrutivo. Desfaço os Instagrans que criei, apago os posts, me calo, me encho de desconfianças e me guardo pra mim. Cozinho mágoas, sirvo ressentimentos e fico cheia de rancor.

Desconfio das minhas relações interpessoais, não acredito na humanidade e não quero viver fora da minha bolha imaginária de proteção. A energia negativa me alcança e a positiva não consegue combater o mal.

Quando Domenico de Massi inventou o conceito do Ócio Criativo, ele falava de um tempo sem trabalho e sem estudos para dar equilíbrio e assim intensificar a criatividade. Ele não falou sobre se esse momento for tão grande que te dê o desequilíbrio e te faça destrutivo.

Por tanto, meu conselho leigo é: tenha ócio até quando ele seja criativo, quando ele passar a ser destrutivo, arrume alguma coisa útil pra fazer! Qualquer coisa, porque como dizia minha avó, bem antes do De Massi, mente vazia é oficina do diabo! Hahahahaha

Nem tão pouco tempo que você não consiga criar e nem tanto tempo que você destrua aquilo que fez e construiu! Ok. Ficamos assim! Beijos

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Abrace a sua morte!

Você tem medo de morrer? Por que você tem medo de morrer? O que te faz querer estar vivo? O que você não quer perder? O que não quer abandonar? O que você precisa viver ainda? Ou é medo da morte? Ou é medo de não viver mais? Mas o que você quer viver?

O medo de morrer assombrou a população mundial com a pandemia. O medo de perder as nossas pessoas também nos assombrou. E isso nos fez refletir sobre nossa existência, sobre a vida e sobre a morte.

Eu existo pra que? Eu, Ana Lúcia, existo pra amar as minhas pessoas, para conhecer gente nova, pra realizar meus sonhos e pra aprender. E quanto tempo eu passo procrastinando meus estudos, brigando com quem deveria estar dando amor, sem paciência pra conhecer gente nova e achando desculpas pra não realizar meus sonhos?

Se a morte chegasse agora, o que está faltando eu fazer? O que eu já fiz? Por que eu devo partir e por que eu devo ficar mais tempo aqui?

Eu posso partir porque me melhorei muito como pessoa, transmiti coisas lindas para as pessoas ao meu redor, porque fiz dois filhos maravilhosos pro mundo. Mas, eu devo ficar porque tenho muito mais o que aprender, lugares pra conhecer, um livro pra escrever e algumas histórias por contar.

Aí eu pego a morte e coloco numa caixinha, como se eu pudesse manipulá-la, como se eu fosse capaz de escolher o momento de tirá-la de lá e fazê-la existir. Momento que eu pararia de ser, como se fosse uma escolha minha. Quando, na verdade, deveríamos colocar a morte na estante da sala, onde a veríamos o tempo todo. Cada vez que chegássemos em casa, cada vez que fossemos atender a porta, cada vez que levantássemos pra pegar um copo de água. A morte deveria estar escrita na nossa testa. Deveria estar grudada no nosso relógio, para cada vez que fossemos ver as horas olhássemos pra ela.

Só a morte nos dá a noção mais clara da vida. Mas a gente prefere escondê-la e passar a vida ensaiando viver, planejando viver, quando deveríamos viver de verdade cada segundo nosso, que contássemos cada segundo de vida. No relógio com a morte, a vida tem outro sabor. Estampe a sua morte na sua vida, pegue a sua vida e viva todo dia.

Aceite o que a pandemia te deu de presente, acredite que você é super morrivel, abrace e beije essa noção de finitude e aproveite mais seus segundos de vida. Porque a vida é esse exato momento.

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A infelicidade é a força motriz?

Um dia você acorda bem, acorda plena, feliz por nada. Tudo parece bem e parece acertado. Não precisa de grandes eventos, não precisa de grandes presenças, não precisa de quase nada pra ter uma sensação boa.

O sorriso sai frouxo, os abraços são sempre quentinhos, o tempo está sempre bom, os convites parecem perfeitos, as pessoas parecem leves e a energia do mundo te chega como uma brisa suave e gostosa.

Mas esses dias passam.

E de repente você se vê acordando cansado, o corpo dolorido, os compromissos são só compromissos que você tem que cumprir. Os abraços parecem apertados ou frouxos demais, você não vê sorrisos, não vê o sol e não sente o calor da vida.

E tudo parece pesado, triste, chato e impossível de viver.

Mas esses dias também passam…

O que é o mundo, a vida se não o que pensamos dela? O que sentimos dela? A vida existe mesmo ou só existe um indivíduo que a aprecia conforme seu estado de espírito? A vida é um estado de espírito? As relações são somente isso, como eu me sinto em relação a ela?

Será que existiria uma vida boa se não tivéssemos esses momentos que pensamos que tudo é ruim? O segredo da vida será esse alto e baixo do nosso estado de espírito? Um dia somente pensamos e achamos tudo ruim e no outro não pensamos, somente agimos, e está tudo ótimo?

Quando está tudo tão penoso é nosso momento de pausa pra vivermos logo a frente um momento feliz? E se esse primeiro momento não existisse, não existiria o segundo?

Se fossemos felizes o tempo todo construiríamos alguma coisa na nossa vida ou apenas ficaríamos inertes sentindo a felicidade?

A infelicidade é a máquina propulsora do mundo? Talvez…

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Relançamento do blog “Olhares”

“O olhar do outro modela meu corpo em sua nudez, causa seu nascer, o esculpe, o produz como é, o vê como jamais o verei. O outro detém um segredo: o segredo do que sou…” Sartre em o Ser e o Nada.

E é na ânsia de dizer o que vejo em você, no que vejo em mim e no que vejo e sinto do mundo, que anuncio o relançamento do blog: “Olhares – Do ângulo que eu quero ver! Ou que não quero, mas vejo!”

Mais uma vez estou me permitindo aquela pequena pausa cotidiana pra olhar pra dentro, pra descrever o que sinto, meus anseios, meus medos, minhas histórias, vitórias e derrotas. Ou seja, a vida como ela é, como eu a percebo, como me sinto e como ajo ou, não ajo, perante ela!

Para ser olhada e pra olhar, pra me permitir ser vista, pra te permitir identificação e quem sabe um olhar também para dentro de você.

Pois bem, o blog volta com um amontoado de publicações minhas desde 2008 até 2021, em três diferentes blogs que mantive por esse tempo. Muitos textos ficaram pra trás, outros publiquei aqui com a data retroativa. Muitos pensamentos continuam os mesmos, outros são completamente diferentes de hoje. Mas como a construção de mim mesma se baseia em tudo que um dia já fiz, vivi, senti e sofri, mantive aqui alguns pensamentos que não falam mais sobre mim, mas que já fizeram muito sentido.

Como na frase de Sartre que iniciei esse texto, que seu olhar molde a minha nudez, e que meu olhar para dentro de mim, descrito aqui nas páginas desse blog, seja uma busca nossa pelo autoconhecimento, pela autoaceitação, para descobrirmos cada dia mais quem somos e pra que sejamos cada vez mais a gente mesmo!

Que seja uma aventura para dentro de nós, cheia de fantasmas, fantasias e descobertas!

Um beijo grande!

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