Francois Boucher's Fountain Love (1748)
Cotidiano, Crônica, Filosofando, Pessoal

O que eu preciso!

E eu preciso de cuidado. Admiração. Mimo. Atenção. Alguém que não precise me diminuir para caber em mim. Alguém que me ache bonita. Que tenha orgulho de mim. Que queira ler meus textos e saber o que eu estou sentindo e pensando. Que queira conversar, sobre tudo e sobre nada. Divagar. Passear de mãos dadas, beijar minha mão. Massagear meus pés e fazer amor comigo.

Alguém que me olhe de canto de olho enquanto eu faço qualquer coisa porque me acha interessante sempre. Alguém que se interessa pela minha vida, que queira estar comigo quando estou com a minha família. Que faça parte da minha família. Que some. Que de opinião. Que conte tudo que aconteceu quando fez qualquer coisa longe de mim, qualquer fofoca, qualquer acontecimento, qualquer história, porque eu me interesso pelo que você está vivendo por aí afora. Que queira passear de carro só para ficar pertinho e pode pegar na minha mão. Que queria rir comigo. Chorar comigo. Dormir com um beijo e acordar com um abraço. Que faça questão. Que demostre satisfação. Que demostre que se importa. Que queria me ouvir quando eu tenho algo engraçado, trágico ou que eu só precise reclamar por algum tempo. Que me faça perguntas. Que me dê respostas. Que me toque, muito e sempre. Que saiba que na minha brabeza mora uma carência. Que pode ser sanada com abraço, beijo e palavras de carinho.

Que se sinta em casa na minha casa. Mesmo que a minha casa esteja cheia de convidados. Que se integre. Que se espalhe. Que tenha certeza de seu lugar. Que tome seu lugar. Que exista.

Que me dê palavras. Que fale. O que sente. Como se sente. O que passa na sua cabeça. Que não tenha medo de si mesmo. Que na ausência de palavras, haja! Que demostre. Que se expresse, de algum jeito. Se mostre. Apareça.

Alguém que queira melhorar a minha vida. Que queira me fazer feliz. Que queira me fazer rir. Me fazer me sentir importante. Indispensável. Linda. Querida. Amada.
Alguém que queira melhorar a própria vida e a própria existência para ser melhor para mim. Alguém que queira aprender. Que queira entender. Que queira evoluir. Que esteja em movimento. Que tenha coragem. De fazer, de dizer, de sentir, de demostrar.

Eu preciso do simples, do trivial. Do dia a dia básico, mas vivido com intensidade. Onde o que se sente, se expressa, o que se pensa, se fala. O que tem vontade, deve ser feito. Onde não exista amarras do ser e sentir. Onde o respeito é acima de qualquer c0isa, mas o ser e estar, é livre.

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Crônica, Filosofando, Frases, Pessoal

Eu preciso existir*

Eu preciso sentir, eu preciso viver. Seja o que for, o que tiver que ser. O amor, a raiva, o desejo, o pânico, a alegria. Preciso dar risada e preciso chorar. Eu preciso me sentir viva. Eu não sou uma velha de 80 anos arrastando a chinela dentro de casa. Vai chover hoje, fecha a janela. Deu sol hoje, fecha a cortina.

Preciso de energia para jogar poker com amigos nos dias de chuva e ir para praia com a família nos dias de sol. Não posso viver na letargia de uma vida sem pulsação de vida. Onde nada me perturba. Eu quero perturbação. Quero cair na gargalhada. E quero chorar de tanto rir. E chorar de tanta dor. Eu quero sentir dor. Quero sentir prazer. Quero berrar de prazer. Quero berrar de alegria.

Eu quero a intensidade para os meus dias. Quero o descanso para as minhas noites. Quero a alimentação para a minha saúde. Exercício físico para minha disposição. Leituras para meu cérebro e escritas para o meu ego. Quero tudo e quero agora. Não por desespero. Não por exagero. Mas porque eu mereço. Porque eu mereço ser feliz. Porque eu mereço a vibração da vida. Porque eu mereço vibrar com toda energia que me cerca. Não posso mais viver alheia a ela. Eu quero me conectar. Me reconectar. Eu preciso existir.

Eu preciso me tornar quem eu sou. Eu preciso descobrir quem eu sou. Eu quero ser quem eu sou. Eu quero amar quem eu sou. Eu quero corrigir quem eu sou.

Eu quero ser. Eu quero existir. Eu quero fazer diferença. Eu quero ser a diferença. Eu quero fazer diferente. Eu quero diferenciar. Eu quero diversificar. Eu não quero ficar inerte. Eu quero inerência com meu ser. Com meu estar. Comigo mesma.

*Obs.: Esse texto foi escrito em 2022, quando estava com depressão. Resolvi postar pelo Setembro Amarelo. Eu não desisti!

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Terror noturno

Um gato preto me espreita na porta do apartamento. Eu consigo ver ele de longe. Ele está olhando fixamente para mim. Estou assustada, ele é amedrontador. Estou deitada na minha cama, com a porta do meu quarto aberta, que dá visão a porta de entrada do apartamento. O gato continua imóvel a me fitar ao longe. Tudo parece muito real, afinal estou vendo minha casa exatamente como ela é. Acordo. Abro meus olhos e estou olhando exatamente para o mesmo lugar do meu sonho. O gato sumiu, mas o cenário é o mesmo. Eu não consigo me mexer. O gato não está mais ali, mas meu medo e meu pavor ainda estão. Meu corpo continua dormindo, minha consciência está desperta, mas não consigo me mover. Tento virar minha cabeça para ter outra visão que não seja a porta, mas não consigo. Só consigo abrir e fechar meus olhos. Quero chamar alguém, mas o som não sai. O tempo passa nessa tensão. 

Essa é a minha primeira lembrança de uma paralisia do sono, que aconteceu em meados dos anos 90. Desde então tive incontáveis episódios como esses. Cada vez que acontece é um terror diferente, mas sempre sonhando com algo acontecendo no local exatamente igual onde estou ao acordar. Mesmo panorama, mesmo ângulo, mesma iluminação. Não consigo precisar quanto tempo dura. Mas para quem está passando por isso, é tempo demais.

O que é a paralisia do sono

Paralisia do sono é um tipo de distúrbio do sono em que a pessoa, apesar de estar com a mente ativa e consciente, não consegue movimentar seu corpo, falar ou se movimentar. Esses episódios acontecem quando a mente está despertando ou pegando no sono. No meu caso é sempre quando estou pegando no sono. Além da dificuldade de movimentar o corpo, a paralisia do sono pode envolver episódios de alucinação, onde se vê coisas que não estão ali ou se sente que está sendo observado. 

Ainda podem ser ouvidos barulhos estranhos ou ocorrer experiências sensoriais diversas, como a sensação de estar flutuando e de estar vendo fora do próprio corpo. 

Como eu consegui controlar

Enfrentei a paralisia do sono tempos atras. Hoje eu consigo identificar o dia que eu vou ter, porque a minha consciência me alerta. É como se eu estivesse entrando numa outra dimensão. Quando estou pegando no sono, escuto um som diferente, que realmente não consigo reproduzir em palavras, mas eu sei que é o gatilho para entrar num pesadelo terrível. Eu fico com muito medo porque sei o que vem a seguir. Daí eu fico tentando acordar, para não ter que viver esse pesadelo que eu sei ser os mais terríveis, esses que acontecem na vigília, ou seja, no início do sono. Eu entro no pesadelo e minha fuga dele faz minha consciência acordar, mas meu corpo não. Mas nesse dia, não tive medo. Fiquei tranquila e pensei, só mais um pesadelo, não vou lutar contra ele. É melhor um pesadelo que uma paralisia. E não aconteceu nada. Tive um pesadelo normal, o que é comum para mim, e não tive paralisia. Uma vitória. Não sinto mais medo de ter paralisia, e, acredito que por isso, nunca mais tive. O último episódio foi há mais de um ano. 

Além da paralisia, tenho pesadelos homéricos quase diariamente. Esses não consigo controlar, me acostumei com eles e já faz algum tempo que tenho feito um diário dos meus pesadelos. Meus sonhos são, em sua maioria, que estou perdida. Seja em um hotel, seja em um shopping, em uma cidade grande dentro ou fora do meu país, numa língua que eu não falo ou dentro de uma mansão gigantesca. Também tenho um sonho recorrente com água, que estou prestes a me afogar no mar, no rio ou em uma enchente.

Eu faço terapia a muitos anos, mas nunca consegui controlar minha mente a ponto de controlar meus sonhos. Faz pouco tempo que comecei um tratamento psiquiátrico onde meu médico me disse que a medicação poderia resolver até meus pesadelos, mas isso também não aconteceu, estou em tratamento há mais de seis meses e meus pesadelos ainda continuam acontecendo diariamente.  

O lado bom disso tudo é que todos os dias acordo com a sensação de estar em mundos completamente diferentes, ter falado com pessoas que nunca vi na vida e de ter construído cenários e histórias fantásticas todos os dias. 

Motivos elencados para ter esses episódios

Sou aficionada por histórias, contos e filmes de terror. Eu sinto um arrepio passando por cada sentimento do meu corpo. Me sinto viva e me sinto excitada. Em contos e histórias meu cérebro vibra de tanta imagem passando na minha cabeça tentando reconstruir cada cena que estou ouvindo. Imagino tudo acontecendo, ao mesmo tempo que imagino, tento reconstruir as sensações de calor, luz e aromas que envolvem cada um daqueles acontecimentos. Um filme vai sendo produzido pela minha imaginação ao ouvir a narração de histórias assustadoras.

Mas o preço é alto. Paralisia do sono é apenas um dos episódios que atribuo a essa minha paixão por histórias de terror. Quando me vejo em casa sem mais ninguém ou planejo passar um final de semana sozinha em algum lugar, é como se os personagens de todas as histórias e de todos os filmes fossem passar esse tempo comigo. Meu cérebro começa a procurar em cantos e frestas rostos já conhecidos por mim, de todos os personagens que criei e daqueles que foram criados por alguém, como a menina do exorcista, a Emile Rose e outros personagens do cinema. 

Já parei de ver filmes e séries de terror há muitos anos, mas ainda não resisto a histórias de minha madrinha, por exemplo, dos três fantasmas que vivem no interior de Taquara Verde e guardam o tumulo de um inglês, que viveu naquela região, e que deixou várias panelas de ouro enterradas. A menina com cachorrinho que foi fotografada nessas terras e que detém o local exato das panelas de ouro, mas que ninguém até hoje conseguiu se comunicar com ela, por medo, já que ela está morta. Isso não é irresistível para você? Pois para mim é. Hoje me permito apenas escutar histórias “verídicas” de contos de pessoas comuns, que passaram por isso ou que sabem de alguém que passou.

Hoje percebo que eu consigo controlar a paralisia, mas ainda não consegui controlar minha mente tanto acordada ou em meus pesadelos. Pareço muito corajosa e destemida falando sobre isso abertamente, mas não sou. O título que escolhi para começar a escrever esse texto foi: “uma versão de mim que não curto”.  

O princípio do meu pensamento, que me gera os medos é: “Se eu sei que eles existem, eles também sabem que eu existo”. A partir do momento que eu tomo consciência das histórias e lendas urbanas de fantasmas, eles também tomam consciência de que eu existo e que posso ser uma fonte de comunicação deles do mundo espiritual com o mundo real. Mas eu tenho muito medo disso. 

Preciso entender de onde vem esse medo e essa obsessão por isso. Quem sabe assim eu possa controlar um pouco minha mente para ter uma vida onde eu possa alugar uma cabana no meio da floresta (meu lugar preferido no mundo) e possa ir sozinha, sem ter que levar ninguém para me proteger dos fantasmas que viriam me assombrar.

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Porque eu escrevo…

Eu escrevo para transformar em palavras meus pensamentos. Mas tem sido difícil fazer isso. Encontrar no dicionário o que possa descrever tudo que passa na minha cabeça. Também procuro palavras para aliviar meu coração, e isso também é igualmente difícil de achar.

Procuro as palavras que me tirem da solidão de um dia sem amigos. Um dia que me culpo por me excluir da vida social e ficar apenas me guardando para mim mesma, com medo de me perder, seja em palavras, seja em ações.

Escrevo porque quero contar o que eu sinto quando estou em meio a natureza, cores e vida pulsante. Descrever como me sinto ao estar no meu lugar favorito no mundo, sentada num gramado verde, observando as árvores se balançarem ao sabor do vento, os pássaros voarem soltos e as borboletas desfilarem alegres bem na minha frente. Escrevo para tentar transmitir em palavras o som da água corrente batendo nas pedras e levando pequenos fragmentos de vida água abaixo.

Escrevo para tentar compreender meus sonhos. Numa tentativa voraz de colocar em palavras o que parece a coisa mais sem coerência do mundo. Onde o tempo passa diferente e não existe linha do cronológica. As coisas mudam de lugar sem eu perceber e as pessoas se transformam em animais bem na minha frente. Onde eu falo com cachorros ao mesmo tempo que estou numa montanha russa quebrada e que não sei quando vai chegar o momento que os trilhos não vão mais existir e o que vai acontecer comigo a partir disso. Eu escrevo para tentar entender por que minha mente faz isso comigo.

Eu escrevo para dizer às pessoas o quanto eu as amo e como elas são importantes para mim. Eu escrevo até mesmo para quem não pode ler ainda, quem não pode ler mais ou pra quem nunca vou enviar o texto. Mas escrevo mesmo assim, porque quero entender cada sensação minha ao pensar, lembrar ou sentir as pessoas.  

Eu escrevo porque eu preciso achar as palavras certas, embora saiba de antemão que elas não existam. Nossa mente é complexa demais em cada instância dela para ser decodificada num alfabeto feito por qualquer homem que já existiu. Mesmo assim vou continuar escrevendo, porque é o único jeito que encontro de visualizar minha mente,  meus pensamentos e sensações e desacelerar um pouco as batidas do meu coração.

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Stranger Things: mundo paralelo ou depressão?

(contém spoilers)

A série Stranger Things, sucesso absoluto da Netflix, faz levantar várias teorias sobre a trama. Para quem não assistiu, trata-se de um Laboratório secreto do governo que utilizava crianças para fazer experimentos de telepatia e telecinese. Essas crianças especiais são estudadas, de maneira antiética, pelo governo dos Estados Unidos. Mas, tudo dá errado, e a personagem principal, Eleven, abre o portal para mundo invertido/paralelo, que é um lugar igual ao mundo real só que macabro, escuro, céu sempre nublado e com raios vermelhos. E o local abriga criaturas monstruosas.

E é a partir daqui que minha teoria começa. Para mim essa série trata sobre a depressão. Ela é ambientada nos anos 80, quando a doença ainda não era bem difundida e poucas pessoas se tratavam. O mundo invertido é como as pessoas em estados depressivos veem o mundo. Ele está ali, as coisas estão acontecendo, mas o depressivo só consegue ver desgraça, passado, ansiedade e medo.

Por exemplo, na primeira temporada, Will, que era uma criança tímida, introspectiva e com sérios problemas de relacionamento, se perde no universo paralelo, a versão sombria de sua realidade. O lado obscuro de sua própria casa, mas sem família e sem amigos. Em outro momento, Nancy abre sua agenda no mundo invertido e vê que a última publicação é datada de alguns anos antes, sou seja, está no passado, onde os depressivos se enxergam.

Eleven (número 11) é a protagonista e a personagem boa da história, e foi ela que abriu o portal para o mundo invertido, lado ruim.  O mundo invertido abriga muitos monstros que eram combatidos por Eleven e seus amigos. Na quarta temporada, sabe-se que tudo do mundo invertido é orquestrado pelo antagonista Vecna, número 1, que era colega da Eleven no laboratório.

Número 1 e número 11 são parte da mesma essência, como yin e yang, bem e mal, dois polos, um positivo e outro negativo de energia igual, sendo o princípio da dualidade, onde um não vive sem o outro.

Nosso lado bom tenta, com todas as forças, nos tirar da depressão com pensamentos positivos, amor, oração ou qualquer outro tipo de subterfugio que temos para tentar sair desse estado letárgico e irritadiço. Nosso lado mal, nossa da ansiedade, estresse, pessimismo, não se cansa de tentar nos deixar ali, trazendo pensamentos ruins e lembranças amargas.

Vecna é o personagem mau, que recebia o número 1 no laboratório. Aos poucos, ele  entra na mente das pessoas e se aproveita da fragilidade das suas emoções e as faz reviver situações do seu passado, o que causa pensamento acelerado e ansiedade. Vecna se alimenta da culpa e do desespero de suas vitimas para ganhar força. Não deixa a pessoa em paz, elas não conseguem fugir de pensamentos tristes que a atormentam. Nosso lado mau, que não nos deixa em paz, que distorce pensamentos, lembranças e a realidade.

Exemplo da Max que tem problema com o irmão e que, em depressão, acha que desejou sua morte. Quando ela entra no mundo invertido, ela acredita ter desejado o fim precoce dele. E quando ela está tentando fugir do Vecna, correr dele, ela abre portas que dão em paredes, abre porta que dão em outras portas que estão chaveadas ou abre uma porta onde ela vê seu irmão louco de raiva, por ela ter desejado a sua morte, exatamente a imagem que ela fantasiava em sua mente.

As pessoas acometidas pela depressão tentam sair dela sozinhas, sem ajuda especializada, e elas dão de cara com várias portas fechadas. Afinal, a depressão é uma doença e muitas vezes é tratada apenas como um estado de espírito “que com muita força de vontade ela consegue sair”. Nosso bem e mal brigando por espaço dentro de nossa mente. Mas não funciona assim.

Nos anos 80 essa doença era negligenciada a ponto de ser tratada como apenas um surto curável com eletrochoques e outros métodos desumanos. Nesse mesmo ano, por exemplo, pessoas em estado psíquico alterado eram exorcizadas por padres católicos em vários países do mundo, porque acreditava-se que o demônio tomava conta do seu corpo. Na série isso é representado por Vecna, que entra na mente das suas vítimas.

Então nós temos a Eleven (11) tentando nos salvar o mundo das trevas do universo paralelo e temos o Vecna (1), que faz uma força descomunal para nos manter naquele lugar cheio de distorção das próprias lembranças. Ou seja, nosso equilíbrio, nosso bem e mal, nosso yin yang. Eles fazem parte da mesma força, mas só que oposta e que se chocam e lutam para tentar vencer a batalha.

E não tem fim, nunca acaba. Stranger Things já está em sua quarta temporada e ninguém conseguiu exterminar o monstro. Várias batalhas já foram travadas, mas ele sempre ressurge. Isso é nossa força descomunal para vencer nossa depressão versus as forças das trevas, nosso lado sombrio, nos puxando de volta para o mundo invertido, que sempre estará ali, mas que ninguém quer voltar!

Finalizo a minha teoria afirmando que, para mim, Eleven e Vecna são a mesma pessoa, numa luta mordaz para vencer a psique doente. Eleven recebe ajuda de seus amigos bons para isso e Vecna de seus monstros. E essa luta parece não ter fim. A única coisa que eu sinto é cada vez mais vontade de saber como essa história vai se desenrolar. Que venham as próximas temporadas.

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Falsa intimidade das redes sociais

Sinto que no mundo atual, altamente tecnológico, onde baseamos nossas relações íntimas com as pessoas pelos contatos que temos via redes sociais, está nos afastado cada vez mais da verdadeira intimidade. Daquela real, daquela que fala o que realmente sente e que se faz ouvir.

Quantos amigos íntimos temos no Instagram e Facebook? Eu, por exemplo, encontrei uma amiga final de semana e parecia que a tinha visto ontem. Nos falamos quase toda semana, eu acompanho sua vida pelos stories, interajo com eles e conversamos quase que semanalmente. Conversando, descobrimos que não nos víamos há mais de um ano! A rede social nos aproxima da vida cotidiana das pessoas, nos diz o que elas estão fazendo, o que estão comendo, o que estão estudando, onde estão frequentando, e com quem, e o que bebem nesse momento. Mostram seus filhos crescendo e seus lutos pelas pessoas que perderam.

Mas o que elas sentem? Isso não fica claro pra ninguém. O que elas sentem de verdade. A foto que ela postou com o marido mostra a felicidade estampada nos seus olhos, as fotos dos filhos, que a maternidade ela está tirando de letra e nossa, quantos amigos novos ela fez. E baseados em postagens, memes, vídeos e stories vamos construindo a vida dos nossos amigos através dos nossos celulares, nos sentimos íntimos deles e sem fazermos ideia do que eles estão vivendo na realidade!

Com isso, nossa capacidade de ser íntimo pessoalmente esta se perdendo! “Pessoalmente não to tão feliz com meu marido, como você viu semana passada nos meus posts”, “Pessoalmente eu to esgotada, trabalhando muito e sem vontade de fazer quase nada”. Mas não se diz mais isso, mesmo que pessoalmente. Uma pessoa atenta nota, percebe que as coisas não vão tão bem como naquela foto de pôr do sol do dia anterior. Algumas pessoas, mais sinceras, dizem as frases acima, mas, a grande maioria está vivendo o faz de conta criado por ela mesmas nas redes, e “não deixe de curtir minhas postagens, tá?!”.

Tem muitas verdades ou ideias que não podem ser ditas num comentário de uma foto, porque ele soa, por vezes, agressiva ou sem empatia, mas que dito no olho a olho, faz-se entender sem magoar ou ofender. E como esse contato está cada vez mais raro, estamos também engessando nossa capacidade de sermos sinceros mesmo pessoalmente.

Não costumo postar minha rotina, meus jantares, minhas festas e minhas intimidades nas redes sociais, faço isso esporadicamente. Será que eu deixei de existir para muitos amigos? Quem não é visto, não é lembrado! Será? Se eu não existo na mídia, eu não existo no mundo?

Tenho o costume de me cansar e sair de grupos de WhatsApp, mas deixo claro que estarei no privado quando quiserem conversar, mas, sinto que deixei de existir, porque tem uma mágoa pessoal da saída do grupo que é maior do que se não comparecer num jantar, por exemplo, sem nem mesmo dar uma explicação. Esses atos são perdoados, mas o Ana Saiu, não! Será que a presença, muitas vezes falsas atrás de teclados e emojis, virou nossa referência de relacionamento?

Estou fazendo a campanha pela intimidade em forma de encontro, porque somente a honestidade dos relacionamentos presenciais geram a intimidade que nós precisamos enquanto seres humanos. Vamos beber junto, rir, chorar, se abraçar, brigar e fazer as pazes. O mundo perfeito das redes sociais não nos sustenta, não nos nutre, não nos fortalece. Ele nos frustra e acaba nos afastando cada vez mais do verdadeiro sentido da vida, o encontro e o aprendizado que temos com ele!

E a pergunta que fica no final desta reflexão é: Quanta vulnerabilidade somos capazes de suporta pra conseguir manter as relações interpessoais ao vivo e a cores? Deixe sua resposta nos comentários!

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Ócio criativo ou ócio destrutivo?

Qual ócio você prática? Hahahaha. Eu confesso que sou uma praticante assídua das duas formas de ócio, criativo e destrutivo. Eu queria? Não, queria só viver o ócio criativo, mas é incontrolável pra mim a forma destrutiva de viver.

Tem semanas que prático o ócio criativo, invento moda, invento histórias, crio, faço Instagrans, faço planos, vendo, compro, anúncio, escrevo, ganho dinheiro e gasto tudo.

Daí passa um tempo e eu começo a praticar o ócio destrutivo. Desfaço os Instagrans que criei, apago os posts, me calo, me encho de desconfianças e me guardo pra mim. Cozinho mágoas, sirvo ressentimentos e fico cheia de rancor.

Desconfio das minhas relações interpessoais, não acredito na humanidade e não quero viver fora da minha bolha imaginária de proteção. A energia negativa me alcança e a positiva não consegue combater o mal.

Quando Domenico de Massi inventou o conceito do Ócio Criativo, ele falava de um tempo sem trabalho e sem estudos para dar equilíbrio e assim intensificar a criatividade. Ele não falou sobre se esse momento for tão grande que te dê o desequilíbrio e te faça destrutivo.

Por tanto, meu conselho leigo é: tenha ócio até quando ele seja criativo, quando ele passar a ser destrutivo, arrume alguma coisa útil pra fazer! Qualquer coisa, porque como dizia minha avó, bem antes do De Massi, mente vazia é oficina do diabo! Hahahahaha

Nem tão pouco tempo que você não consiga criar e nem tanto tempo que você destrua aquilo que fez e construiu! Ok. Ficamos assim! Beijos

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Abrace a sua morte!

Você tem medo de morrer? Por que você tem medo de morrer? O que te faz querer estar vivo? O que você não quer perder? O que não quer abandonar? O que você precisa viver ainda? Ou é medo da morte? Ou é medo de não viver mais? Mas o que você quer viver?

O medo de morrer assombrou a população mundial com a pandemia. O medo de perder as nossas pessoas também nos assombrou. E isso nos fez refletir sobre nossa existência, sobre a vida e sobre a morte.

Eu existo pra que? Eu, Ana Lúcia, existo pra amar as minhas pessoas, para conhecer gente nova, pra realizar meus sonhos e pra aprender. E quanto tempo eu passo procrastinando meus estudos, brigando com quem deveria estar dando amor, sem paciência pra conhecer gente nova e achando desculpas pra não realizar meus sonhos?

Se a morte chegasse agora, o que está faltando eu fazer? O que eu já fiz? Por que eu devo partir e por que eu devo ficar mais tempo aqui?

Eu posso partir porque me melhorei muito como pessoa, transmiti coisas lindas para as pessoas ao meu redor, porque fiz dois filhos maravilhosos pro mundo. Mas, eu devo ficar porque tenho muito mais o que aprender, lugares pra conhecer, um livro pra escrever e algumas histórias por contar.

Aí eu pego a morte e coloco numa caixinha, como se eu pudesse manipulá-la, como se eu fosse capaz de escolher o momento de tirá-la de lá e fazê-la existir. Momento que eu pararia de ser, como se fosse uma escolha minha. Quando, na verdade, deveríamos colocar a morte na estante da sala, onde a veríamos o tempo todo. Cada vez que chegássemos em casa, cada vez que fossemos atender a porta, cada vez que levantássemos pra pegar um copo de água. A morte deveria estar escrita na nossa testa. Deveria estar grudada no nosso relógio, para cada vez que fossemos ver as horas olhássemos pra ela.

Só a morte nos dá a noção mais clara da vida. Mas a gente prefere escondê-la e passar a vida ensaiando viver, planejando viver, quando deveríamos viver de verdade cada segundo nosso, que contássemos cada segundo de vida. No relógio com a morte, a vida tem outro sabor. Estampe a sua morte na sua vida, pegue a sua vida e viva todo dia.

Aceite o que a pandemia te deu de presente, acredite que você é super morrivel, abrace e beije essa noção de finitude e aproveite mais seus segundos de vida. Porque a vida é esse exato momento.

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A infelicidade é a força motriz?

Um dia você acorda bem, acorda plena, feliz por nada. Tudo parece bem e parece acertado. Não precisa de grandes eventos, não precisa de grandes presenças, não precisa de quase nada pra ter uma sensação boa.

O sorriso sai frouxo, os abraços são sempre quentinhos, o tempo está sempre bom, os convites parecem perfeitos, as pessoas parecem leves e a energia do mundo te chega como uma brisa suave e gostosa.

Mas esses dias passam.

E de repente você se vê acordando cansado, o corpo dolorido, os compromissos são só compromissos que você tem que cumprir. Os abraços parecem apertados ou frouxos demais, você não vê sorrisos, não vê o sol e não sente o calor da vida.

E tudo parece pesado, triste, chato e impossível de viver.

Mas esses dias também passam…

O que é o mundo, a vida se não o que pensamos dela? O que sentimos dela? A vida existe mesmo ou só existe um indivíduo que a aprecia conforme seu estado de espírito? A vida é um estado de espírito? As relações são somente isso, como eu me sinto em relação a ela?

Será que existiria uma vida boa se não tivéssemos esses momentos que pensamos que tudo é ruim? O segredo da vida será esse alto e baixo do nosso estado de espírito? Um dia somente pensamos e achamos tudo ruim e no outro não pensamos, somente agimos, e está tudo ótimo?

Quando está tudo tão penoso é nosso momento de pausa pra vivermos logo a frente um momento feliz? E se esse primeiro momento não existisse, não existiria o segundo?

Se fossemos felizes o tempo todo construiríamos alguma coisa na nossa vida ou apenas ficaríamos inertes sentindo a felicidade?

A infelicidade é a máquina propulsora do mundo? Talvez…

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Relançamento do blog “Olhares”

“O olhar do outro modela meu corpo em sua nudez, causa seu nascer, o esculpe, o produz como é, o vê como jamais o verei. O outro detém um segredo: o segredo do que sou…” Sartre em o Ser e o Nada.

E é na ânsia de dizer o que vejo em você, no que vejo em mim e no que vejo e sinto do mundo, que anuncio o relançamento do blog: “Olhares – Do ângulo que eu quero ver! Ou que não quero, mas vejo!”

Mais uma vez estou me permitindo aquela pequena pausa cotidiana pra olhar pra dentro, pra descrever o que sinto, meus anseios, meus medos, minhas histórias, vitórias e derrotas. Ou seja, a vida como ela é, como eu a percebo, como me sinto e como ajo ou, não ajo, perante ela!

Para ser olhada e pra olhar, pra me permitir ser vista, pra te permitir identificação e quem sabe um olhar também para dentro de você.

Pois bem, o blog volta com um amontoado de publicações minhas desde 2008 até 2021, em três diferentes blogs que mantive por esse tempo. Muitos textos ficaram pra trás, outros publiquei aqui com a data retroativa. Muitos pensamentos continuam os mesmos, outros são completamente diferentes de hoje. Mas como a construção de mim mesma se baseia em tudo que um dia já fiz, vivi, senti e sofri, mantive aqui alguns pensamentos que não falam mais sobre mim, mas que já fizeram muito sentido.

Como na frase de Sartre que iniciei esse texto, que seu olhar molde a minha nudez, e que meu olhar para dentro de mim, descrito aqui nas páginas desse blog, seja uma busca nossa pelo autoconhecimento, pela autoaceitação, para descobrirmos cada dia mais quem somos e pra que sejamos cada vez mais a gente mesmo!

Que seja uma aventura para dentro de nós, cheia de fantasmas, fantasias e descobertas!

Um beijo grande!

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