Nosso medo de sentir dor é exatamente a algema que nos prende a ela para sempre, porque faz com que os sentimentos sejam reprimidos. E, quando os sentimentos são reprimidos, a pessoa perde a capacidade de sentir. Perder a capacidade de sentir leva a depressão, um estado que infelizmente pode se tornar um estado de vida. A repressão do sentimento é um processo de insensibilização que diminui a pulsação interna do corpo, sua vitalidade, seu estado de excitação. Por isso mesmo, reprimir um sentimento é reprimir todos os outros. Sem a liberdade interior para sentir profundamente e expressar os próprios sentimentos plenamente, não pode haver alegria. Ou seja: não adianta controlar a raiva e a dor, com medo de ficar preso a elas, porque o tiro sai pela culatra: A pessoa que tem muito medo de abrir mão do controle não está no controle de absolutamente nada. É controlada pelo medo.
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Eu me aceito
Cheguei num momento de minha vida que tenho conseguido identificar o que eu quero. Passei muitos anos fazendo e agindo de forma diferente ao que eu queria. Porque eu simplesmente não sabia o que me fazia feliz de verdade, o que me dava paz, respeitando meus limites e cuidando de mim.
Nos últimos tempos tenho conseguido identificar o que sinto, o que quero, onde quero pisar e quem eu sou. Que tipo de pessoas me fazem bem, que lugares me sinto confortável. E neste mundo não existe culpa, não existem cobranças severas. Apenas se vive, da forma mais simples e plena.
Se agi de forma que eu não consegui meu objetivo, me orgulho de ter tentado, de ter feito da forma que eu achava certo. Se não deu, é porque não era pra dar. Consigo ficar de cabeça erguida, e seguir em frente.
Isso não tem nada a ver com não sofrer, com não sentir pesar, porque sinto. Mas sei que não fui o agente, sei que fiz tudo que podia.
Outra coisa que aprendi é não substituir uma coisa por outra. Uma pessoa pela outra. As pessoas não são substituíveis. Que só serão especiais de dermos para elas o lugar delas. Um novo espaço. Um lugar diferente dentro da gente.
E sofrer por amor não é tão terrível assim. É a certeza que eu vivi, que eu senti, que estava inteira naquilo. A certeza que senti tudo d e verdade. Que foi meu. E se é assim, não foi em vão!
Estou terapeutizada
Essa minha nova fase de pessoa que se entende, logo, terapeutizada, faz com que eu não tenha mais muitas questões a tratar. Eu sei o que sinto, sei porque faço as coisas e tomo decisões acertadas. Enfim, virei uma adulta.
Mas que coisa mais chata isso para quem tem um blog. Para vida real, pessoas, trabalho, festas, família, tem me ajudado, mas para este espaço, o qual eu adoro habitar, não tem sido muito produtivo não.
Difícil falar quando se esta tranqüila. Quando não tem culpas e sentimentos controversos assombrando minha mente. Estou bem. Tranqüila. Plena.
Meus únicos momentos de atropelo, que não tem terapia que me salve, quem sabe um exorcismo, são meus pesadelos. Não consegui me livrar deles. Me assombram quase todas as noites. Bom, já disse que sou uma mente a ser estudada, tenho no mínimo três sonhos diferentes por noite. Quem sabe eu use este espaço para uma análise dos sonhos. Quem sabe…
Eu te amo
Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.
Quantas vezes nós já ouvimos ou proferimos essas palavras para um companheiro? E quantas vezes tivemos certeza do que significava? Sempre fui contra a banalização do “Eu te amo”. As pessoas saem se amando por ai muito rápido. Muito vazio. É difícil também medir a medida do amar. Do gostar tanto, que dizer que gosta, é pouco. Até que o “Eu te amo” estoura, sonoro e inesperado.
Já levei meio ano para dizer que amava alguém, para logo após, quando acabou o relacionamento, perceber que o sentimento verdadeiro não era de amor. Era gostar, ou admirar, ou simplesmente de posse. Mas não era amor.
Tenho quase certeza que amei meu primeiro namorado. Aos 15 anos. E tenho certeza que amo meu atual namorado. Já os outros eu ti amos que proferi por aí era tudo balela? Bom, agora é, mas quando eu disse, certamente, acreditava que era amor.
Então me pergunto – que amor é esse? É um amor que acaba quando acaba a afinidade? Mas se acaba o relacionamento significa que o amor então não existiu? Ou parou de existir? Mas por que ficamos com a sensação de não ter amado nunca? O amor está ligado com a felicidade que se sente quando se está com a pessoa amada. E se essa pessoa não te dá mais felicidade, significa que você não a ama mais? Então não existe amor? Existe apenas um sentimento de felicidade que o outro te proporciona? É assim, egoísta?
Sei lá. Só sei que me sinto feliz, e amando e me sinto amada.
E outra coisa, não importa como vai ser depois. Porque não ligo pro depois, eu não o conheço. Quando me deparar com ele, eu saberei lidar. Mas, depois.
Sinto
Quando a gente muda, o mundo muda com a gente. Como é bom olhar na mesma direção e ver coisas totalmente diferentes. Quando os sentimentos caminham de acordo com o que se faz. Quando o que se faz, está de acordo com o que se sente. A gente se sente com mais sentido. As coisas fazem mais sentido. Tem sabor diferente. E se saboreia com calma. E se sente todo o gosto. Tanto o doce quanto o amargo. Se permite sentir os dois. Se aceita. Sem culpa. Sem pressa.
Abandonei pra me encontrar
Meu querido blog abandonado. Andei por ai reorganizando as coisas. Reorganizei meu guarda-roupa, meus armários. Me livrei de várias coisas que não precisava mais. Mas como nada é de fora pra dentro, comecei reorganizando meus pensamentos.
Joguei lembranças no fundo do baú, depois de entende-las. Conceitos e sentimentos coloquei nos seus devidos lugares e agora sinto que minha visão é diferente. Volto com outro olhar.
Sei um pouco mais quem sou e o que quero. Mas descobri, principalmente, o que não quero. E com isso veio a capacidade em dizer NÃO.
Não deixo você entrar.
Não vou ficar pra dormir.
Não quero mais uma dose.
E quando você descobre que pode dizer não, o SIM ganha o valor adequado. Por que é um sim de saber o que se quer. Saber que o caminho é seguro e que ele está de acordo com o que se procura. Que esse sim não vai virar um arrependimento, não vai virar uma culpa.
Acho que nunca me senti assim. Sempre agi sem ligar pra mim, sem um sentimento de cuidado, de me respeitar, de amor próprio. Sai muitas vezes de situações em que me arrependi, porque nunca avaliava a situação, eu só agia em conformidade as emoções mais baratas, mais rasas.
Mas agora tudo está diferente. Me sinto mais segura pra pensar, sentir e agir. E tá na hora de voltar aqui e me encarar de frente. Falar de mim e de meus sentimentos e pensamentos mais loucos, íntimos e duvidosos.
Orgulhe-se
“Se quiser ter orgulho de si mesmo, faça coisas das quais possa se orgulhar”. (Karen Horney)
Parece óbvio, né? Mas nem sempre é simples assim.
As cinzas do passado
Qual é mesmo a importância do passado nas nossas ações do presente? Qual é a medida ou estudo exato que nos tira ou coloca responsabilidades conforme nossa construção de personalidade da infância? O quanto usamos isso para nos eximir da responsabilidade de atos cometidos hoje?
Eu mesma costumo, com muita frequência, culpar meus pais por coisas que aconteceram na infância, acreditando que devido a essas coisas eu tomo certas decisões hoje. Mas até que ponto isso realmente faz sentido? Revirar as cinzas do passado é tentar nos esquivar das resposabilidades sociais de nossas ações?
Por um lado, sim. Vamos combinar que fica bem mais fácil também. “Eu fiz tudo isso ontem devido aquele acontecimento quando eu tinha 5 anos de idade e não tinha ninguém para cuidar de mim e …”. É dar para os outros o que não é deles e é também um tapa olhos que não ajuda em nada na hora de mudar de atitudes. O passado tem sim, muita importância, mas não tentemos dar a ele mais do que ele pode carregar, já que nós é que não aguentamos com o peso. E ao invés de tentarmos nos livrar, jogamos lá atrás, e assim continuamos mais e mais pesados.
As vezes
Porque um dia você acorda e o sol brilha mais e tem mais luz e calor. E o ar entra e sai dos pulmões com leveza. E os cabelos estão mais soltos, mais leves e macios. Quando você é indagada, a resposta sai autêntica, tranquila, e as vezes até tem graça.
E você olha na vitrine da loja e se vê, e diminui os passos, ou até para. Tem dias que você cheira sua pele do braço, e gosta do cheiro. Passa seus lábios sobre ele em demonstração de carinho. As vezes você para na frente no espelho e se olha, e sorri, numa demonstração de afeto. E você olha nos olhos, bem fundo, passando confiança. Nesses dias os passos são ritmados e os caminhos são floridos. E você não está sozinha.
Tão longe
As ruas parecem longes demais. Os prédios são altos e nem imagino como é acima deles. Os corredores parecem não acabar e e nunca sei em que porta entrar. As salas são muito amplas e vazias. Os livros têm muitas palavras e parecem não dizer nada. A TV transmite tanta coisa que nem dá para assimilar. Os pássaros voam longe e borboletas nunca mais vi. Os sons são altos e mal posso decifrá-los. As pessoas passam longe e não posso tocá-las.
Tudo parece tão distante, tão complicado, tão estranho. Faz-me pensar se não é o caminho até mim que nunca chega. Se é o que eu falo que não é pra ser decifrado. Se o que aparento ser, não é o que eu sou. Se o que eu berro, ninguém consegue entender. Se não sei mais voar ou se voo alto demais. Tão distante de mim, tão distante de tudo.
Longe demais para encurtar ruas, aquecer salas, encurtar conversar, achar a porta certa no corredor, escolher o programa na TV, ter paciência em ler até conseguir entender, sentar e olhar pássaros e esperar borboletas sobrevoarem baixo.