Francois Boucher's Fountain Love (1748)
Cotidiano, Crônica, Filosofando, Pessoal

O que eu preciso!

E eu preciso de cuidado. Admiração. Mimo. Atenção. Alguém que não precise me diminuir para caber em mim. Alguém que me ache bonita. Que tenha orgulho de mim. Que queira ler meus textos e saber o que eu estou sentindo e pensando. Que queira conversar, sobre tudo e sobre nada. Divagar. Passear de mãos dadas, beijar minha mão. Massagear meus pés e fazer amor comigo.

Alguém que me olhe de canto de olho enquanto eu faço qualquer coisa porque me acha interessante sempre. Alguém que se interessa pela minha vida, que queira estar comigo quando estou com a minha família. Que faça parte da minha família. Que some. Que de opinião. Que conte tudo que aconteceu quando fez qualquer coisa longe de mim, qualquer fofoca, qualquer acontecimento, qualquer história, porque eu me interesso pelo que você está vivendo por aí afora. Que queira passear de carro só para ficar pertinho e pode pegar na minha mão. Que queria rir comigo. Chorar comigo. Dormir com um beijo e acordar com um abraço. Que faça questão. Que demostre satisfação. Que demostre que se importa. Que queria me ouvir quando eu tenho algo engraçado, trágico ou que eu só precise reclamar por algum tempo. Que me faça perguntas. Que me dê respostas. Que me toque, muito e sempre. Que saiba que na minha brabeza mora uma carência. Que pode ser sanada com abraço, beijo e palavras de carinho.

Que se sinta em casa na minha casa. Mesmo que a minha casa esteja cheia de convidados. Que se integre. Que se espalhe. Que tenha certeza de seu lugar. Que tome seu lugar. Que exista.

Que me dê palavras. Que fale. O que sente. Como se sente. O que passa na sua cabeça. Que não tenha medo de si mesmo. Que na ausência de palavras, haja! Que demostre. Que se expresse, de algum jeito. Se mostre. Apareça.

Alguém que queira melhorar a minha vida. Que queira me fazer feliz. Que queira me fazer rir. Me fazer me sentir importante. Indispensável. Linda. Querida. Amada.
Alguém que queira melhorar a própria vida e a própria existência para ser melhor para mim. Alguém que queira aprender. Que queira entender. Que queira evoluir. Que esteja em movimento. Que tenha coragem. De fazer, de dizer, de sentir, de demostrar.

Eu preciso do simples, do trivial. Do dia a dia básico, mas vivido com intensidade. Onde o que se sente, se expressa, o que se pensa, se fala. O que tem vontade, deve ser feito. Onde não exista amarras do ser e sentir. Onde o respeito é acima de qualquer c0isa, mas o ser e estar, é livre.

Padrão
História

O dia que quase fomos atropelados por uma baleia

A história começa em 15 de julho de 2021 em Tijucas, quando nosso barco finalmente iria navegar pela primeira vez. Depois de 4 anos de trabalho árduo, um casamento quase falido e gastando mais que o triplo do orçamento planejado, nosso tão sonhado Catamarã Destino estava pronto para rumar pra Canto Grande, em Bombinhas.

Eram 5 horas da manhã quando ligamos os motores do barco e começamos a passar o Rio dos Bobos que nos levaria a estreia do barco no mar. Adentramos ao oceano Atlântico por volta das 5h30 da manhã com alguns contratempos, um pouco de tensão e muito de emoção. O sol começava a nascer assim que avistamos o horizonte naquele mar calmo e sereno. Começava ali a travessia até o primeiro ancoradouro do Destino Catamarã.

Golfinhos

Chegando em Canto Grande, uma movimentação na água chamou nossa atenção, foi quando o grande presente de aniversário da minha filha iria chegar. Mais de 150 golfinhos nadavam e exibiam sua beleza e esplendor por todos os lados e por baixo do barco, batendo suas nadadeiras na água como que saudando o barco e a Carol pelo seu aniversário. Como tinham sido avistadas muitas baleias na região, brincamos com a Carol que tínhamos contratado baleias para o dia do seu aniversário, mas que Deus tinha enviado no lugar delas, todos esses golfinhos felizes. Foi uma experiência memorável que ficará guardada no coração e na memória por quanto tempo a gente existir.

Até aquele momento estávamos a bordo eu, Ricardo, capitão e meu marido, Carol, nossa pequena filha, que nesse dia completava 6 anos. Mais o Ezequiel e Elizeu, que trabalharam na construção do barco, e que logo ao chegarmos com segurança ao local planejado, se despediram de nós e nos deixaram a desfrutar aquele momento em família.

Passamos três dias em Canto Grande encantados com todas as possiblidades que o barco nos dava e vivendo aquele sonho que planejamos por tantos anos. Tivemos dois dias lindos de sol, recebemos amigos, cantamos parabéns pra Carol na praia com um bolo e dormimos a bordo pela primeira vez na água salgada.

Vento

No 17 de julho começou a bater vento forte, ficamos apreensivos porque era nossa primeira experiência com vento num barco que acabara de sair do galpão a seco e agora fazia o que foi feito para fazer, boiar, resistir a ventos e ondas fortes. Estávamos com um casal de amigos a bordo, Junior e Andressa, que tinham ido passar a noite com a gente.

Dia 18 pela manhã o vento terral batia intensamente e resolvemos procurar abrigo no outro lado da baía. Ao chegar, descobrimos que lá não teria como ficar também, as ondas batiam no fundo do barco e o desconforto do vento foi deixando todos nervosos, menos o capitão, que seguia firme no propósito dele, proteger os tripulantes e o barco.

Com coletes salva vidas em todos a bordo, decidimos passar a ponta de Canto Grande e procurar abrigo na praia da Conceição, que ficava do outro lado da península. O caminho era curto, mas as ondas e o mar agitado, davam um tom de tensão no ar.

Pelo meio do caminho começamos a avistar as baleias, que faziam um show à parte bem à frente, mas com uma distância considerável e segura. Era a primeira vez que víamos baleias estando em uma embarcação no mar. Ficamos encantados, debruçados nas janelas, aguardando o momento que veríamos as baleiras mais de perto. Foi quando, de repente, surge uma baleira Jubarte bem na nossa frente, ela sai da água na proa do barco, nós pudemos ver seus olhos a nos observar e amedrontar. O capitão tirou motor na hora e só aguardou o impacto do barco com aquele animal enorme.

O barco tem aproximadamente 7 toneladas e 12 metros de comprimento. Uma baleia Jubarte tem, em média, 20 metros de comprimento e pesa cerca de 20 toneladas, imagino o estrago que esse encontro daria. Nos preparamos para o impacto e nesses segundos um filme passa na cabeça. O barco vai rachar? vai afundar? a gente vai cair na água? Nosso sonho de 4 anos de luta acaba aqui?

Todos apavorados. Carol e Andressa não tinham mais cor. Ricardo estava arregalado, mas sorrindo, num misto de emoção e tensão. Eu sentia meu coração bater fora do meu corpo. Uma combinação de pavor, medo e ansiedade tomou conta de todos.

A baleia, enorme, calma e ligeira, com metade de seu corpo monstruoso pra fora da água, nos olhou fixamente e sumiu mar abaixo, evitando o impacto que já achávamos que seria inevitável. Que alívio. Nos olhamos incrédulos e se perguntando se aquilo realmente tinha acontecido. Continuamos a percorrer o caminho até a Conceição em silêncio. A baleia nos seguiu ao longe, nadando rápido entre as ondas, mas numa distância que não nos causaria danos, mas se fazendo presença constante até adentramos a baia da praia da Conceição.  

Guardando na memória, cada um de sua forma, o que jamais será esquecido por quem estava a bordo do Destino Catamarã naquele dia 18 de julho de 2021.

Cada um de nós processava o acontecimento de forma diferente. E a seu modo, fazia a prece pelo livramento recebido. Nada tinha acontecido. Deus havia nos salvado? O capitão tinha sido esperto? Ou foi apenas um golpe de sorte de todos nós, inclusive da baleia, que sairia machucada caso o barco se chocasse com ela.  

Chegamos à praia da Conceição, e por não encontrarmos abrigo do vento, resolvemos seguir viagem. Nos despedimos do Junior, Andressa e Carol, que fariam o caminho até Itapema de carro. Eu e o Ricardo resolvemos levar o barco até Porto Belo, onde ficaria ancorado em segurança e de onde seguiríamos para casa.

O dia acabou sem mais delongas, mas com aquelas imagens percorrendo nossa memória. O dia que uma baleia queria nos ver de perto, a gente queria ver ela de perto e o momento desse encontro. Uma enxurrada de emoções que ficarão guardadas na nossa história para sempre.

Padrão
Crônica, Filosofando

Porque eu escrevo…

Eu escrevo para transformar em palavras meus pensamentos. Mas tem sido difícil fazer isso. Encontrar no dicionário o que possa descrever tudo que passa na minha cabeça. Também procuro palavras para aliviar meu coração, e isso também é igualmente difícil de achar.

Procuro as palavras que me tirem da solidão de um dia sem amigos. Um dia que me culpo por me excluir da vida social e ficar apenas me guardando para mim mesma, com medo de me perder, seja em palavras, seja em ações.

Escrevo porque quero contar o que eu sinto quando estou em meio a natureza, cores e vida pulsante. Descrever como me sinto ao estar no meu lugar favorito no mundo, sentada num gramado verde, observando as árvores se balançarem ao sabor do vento, os pássaros voarem soltos e as borboletas desfilarem alegres bem na minha frente. Escrevo para tentar transmitir em palavras o som da água corrente batendo nas pedras e levando pequenos fragmentos de vida água abaixo.

Escrevo para tentar compreender meus sonhos. Numa tentativa voraz de colocar em palavras o que parece a coisa mais sem coerência do mundo. Onde o tempo passa diferente e não existe linha do cronológica. As coisas mudam de lugar sem eu perceber e as pessoas se transformam em animais bem na minha frente. Onde eu falo com cachorros ao mesmo tempo que estou numa montanha russa quebrada e que não sei quando vai chegar o momento que os trilhos não vão mais existir e o que vai acontecer comigo a partir disso. Eu escrevo para tentar entender por que minha mente faz isso comigo.

Eu escrevo para dizer às pessoas o quanto eu as amo e como elas são importantes para mim. Eu escrevo até mesmo para quem não pode ler ainda, quem não pode ler mais ou pra quem nunca vou enviar o texto. Mas escrevo mesmo assim, porque quero entender cada sensação minha ao pensar, lembrar ou sentir as pessoas.  

Eu escrevo porque eu preciso achar as palavras certas, embora saiba de antemão que elas não existam. Nossa mente é complexa demais em cada instância dela para ser decodificada num alfabeto feito por qualquer homem que já existiu. Mesmo assim vou continuar escrevendo, porque é o único jeito que encontro de visualizar minha mente,  meus pensamentos e sensações e desacelerar um pouco as batidas do meu coração.

Padrão
Crônica, Filosofando, Pessoal

Falsa intimidade das redes sociais

Sinto que no mundo atual, altamente tecnológico, onde baseamos nossas relações íntimas com as pessoas pelos contatos que temos via redes sociais, está nos afastado cada vez mais da verdadeira intimidade. Daquela real, daquela que fala o que realmente sente e que se faz ouvir.

Quantos amigos íntimos temos no Instagram e Facebook? Eu, por exemplo, encontrei uma amiga final de semana e parecia que a tinha visto ontem. Nos falamos quase toda semana, eu acompanho sua vida pelos stories, interajo com eles e conversamos quase que semanalmente. Conversando, descobrimos que não nos víamos há mais de um ano! A rede social nos aproxima da vida cotidiana das pessoas, nos diz o que elas estão fazendo, o que estão comendo, o que estão estudando, onde estão frequentando, e com quem, e o que bebem nesse momento. Mostram seus filhos crescendo e seus lutos pelas pessoas que perderam.

Mas o que elas sentem? Isso não fica claro pra ninguém. O que elas sentem de verdade. A foto que ela postou com o marido mostra a felicidade estampada nos seus olhos, as fotos dos filhos, que a maternidade ela está tirando de letra e nossa, quantos amigos novos ela fez. E baseados em postagens, memes, vídeos e stories vamos construindo a vida dos nossos amigos através dos nossos celulares, nos sentimos íntimos deles e sem fazermos ideia do que eles estão vivendo na realidade!

Com isso, nossa capacidade de ser íntimo pessoalmente esta se perdendo! “Pessoalmente não to tão feliz com meu marido, como você viu semana passada nos meus posts”, “Pessoalmente eu to esgotada, trabalhando muito e sem vontade de fazer quase nada”. Mas não se diz mais isso, mesmo que pessoalmente. Uma pessoa atenta nota, percebe que as coisas não vão tão bem como naquela foto de pôr do sol do dia anterior. Algumas pessoas, mais sinceras, dizem as frases acima, mas, a grande maioria está vivendo o faz de conta criado por ela mesmas nas redes, e “não deixe de curtir minhas postagens, tá?!”.

Tem muitas verdades ou ideias que não podem ser ditas num comentário de uma foto, porque ele soa, por vezes, agressiva ou sem empatia, mas que dito no olho a olho, faz-se entender sem magoar ou ofender. E como esse contato está cada vez mais raro, estamos também engessando nossa capacidade de sermos sinceros mesmo pessoalmente.

Não costumo postar minha rotina, meus jantares, minhas festas e minhas intimidades nas redes sociais, faço isso esporadicamente. Será que eu deixei de existir para muitos amigos? Quem não é visto, não é lembrado! Será? Se eu não existo na mídia, eu não existo no mundo?

Tenho o costume de me cansar e sair de grupos de WhatsApp, mas deixo claro que estarei no privado quando quiserem conversar, mas, sinto que deixei de existir, porque tem uma mágoa pessoal da saída do grupo que é maior do que se não comparecer num jantar, por exemplo, sem nem mesmo dar uma explicação. Esses atos são perdoados, mas o Ana Saiu, não! Será que a presença, muitas vezes falsas atrás de teclados e emojis, virou nossa referência de relacionamento?

Estou fazendo a campanha pela intimidade em forma de encontro, porque somente a honestidade dos relacionamentos presenciais geram a intimidade que nós precisamos enquanto seres humanos. Vamos beber junto, rir, chorar, se abraçar, brigar e fazer as pazes. O mundo perfeito das redes sociais não nos sustenta, não nos nutre, não nos fortalece. Ele nos frustra e acaba nos afastando cada vez mais do verdadeiro sentido da vida, o encontro e o aprendizado que temos com ele!

E a pergunta que fica no final desta reflexão é: Quanta vulnerabilidade somos capazes de suporta pra conseguir manter as relações interpessoais ao vivo e a cores? Deixe sua resposta nos comentários!

Padrão
Crônica, Filosofando

Ócio criativo ou ócio destrutivo?

Qual ócio você prática? Hahahaha. Eu confesso que sou uma praticante assídua das duas formas de ócio, criativo e destrutivo. Eu queria? Não, queria só viver o ócio criativo, mas é incontrolável pra mim a forma destrutiva de viver.

Tem semanas que prático o ócio criativo, invento moda, invento histórias, crio, faço Instagrans, faço planos, vendo, compro, anúncio, escrevo, ganho dinheiro e gasto tudo.

Daí passa um tempo e eu começo a praticar o ócio destrutivo. Desfaço os Instagrans que criei, apago os posts, me calo, me encho de desconfianças e me guardo pra mim. Cozinho mágoas, sirvo ressentimentos e fico cheia de rancor.

Desconfio das minhas relações interpessoais, não acredito na humanidade e não quero viver fora da minha bolha imaginária de proteção. A energia negativa me alcança e a positiva não consegue combater o mal.

Quando Domenico de Massi inventou o conceito do Ócio Criativo, ele falava de um tempo sem trabalho e sem estudos para dar equilíbrio e assim intensificar a criatividade. Ele não falou sobre se esse momento for tão grande que te dê o desequilíbrio e te faça destrutivo.

Por tanto, meu conselho leigo é: tenha ócio até quando ele seja criativo, quando ele passar a ser destrutivo, arrume alguma coisa útil pra fazer! Qualquer coisa, porque como dizia minha avó, bem antes do De Massi, mente vazia é oficina do diabo! Hahahahaha

Nem tão pouco tempo que você não consiga criar e nem tanto tempo que você destrua aquilo que fez e construiu! Ok. Ficamos assim! Beijos

Padrão
Crônica, Filosofando

Abrace a sua morte!

Você tem medo de morrer? Por que você tem medo de morrer? O que te faz querer estar vivo? O que você não quer perder? O que não quer abandonar? O que você precisa viver ainda? Ou é medo da morte? Ou é medo de não viver mais? Mas o que você quer viver?

O medo de morrer assombrou a população mundial com a pandemia. O medo de perder as nossas pessoas também nos assombrou. E isso nos fez refletir sobre nossa existência, sobre a vida e sobre a morte.

Eu existo pra que? Eu, Ana Lúcia, existo pra amar as minhas pessoas, para conhecer gente nova, pra realizar meus sonhos e pra aprender. E quanto tempo eu passo procrastinando meus estudos, brigando com quem deveria estar dando amor, sem paciência pra conhecer gente nova e achando desculpas pra não realizar meus sonhos?

Se a morte chegasse agora, o que está faltando eu fazer? O que eu já fiz? Por que eu devo partir e por que eu devo ficar mais tempo aqui?

Eu posso partir porque me melhorei muito como pessoa, transmiti coisas lindas para as pessoas ao meu redor, porque fiz dois filhos maravilhosos pro mundo. Mas, eu devo ficar porque tenho muito mais o que aprender, lugares pra conhecer, um livro pra escrever e algumas histórias por contar.

Aí eu pego a morte e coloco numa caixinha, como se eu pudesse manipulá-la, como se eu fosse capaz de escolher o momento de tirá-la de lá e fazê-la existir. Momento que eu pararia de ser, como se fosse uma escolha minha. Quando, na verdade, deveríamos colocar a morte na estante da sala, onde a veríamos o tempo todo. Cada vez que chegássemos em casa, cada vez que fossemos atender a porta, cada vez que levantássemos pra pegar um copo de água. A morte deveria estar escrita na nossa testa. Deveria estar grudada no nosso relógio, para cada vez que fossemos ver as horas olhássemos pra ela.

Só a morte nos dá a noção mais clara da vida. Mas a gente prefere escondê-la e passar a vida ensaiando viver, planejando viver, quando deveríamos viver de verdade cada segundo nosso, que contássemos cada segundo de vida. No relógio com a morte, a vida tem outro sabor. Estampe a sua morte na sua vida, pegue a sua vida e viva todo dia.

Aceite o que a pandemia te deu de presente, acredite que você é super morrivel, abrace e beije essa noção de finitude e aproveite mais seus segundos de vida. Porque a vida é esse exato momento.

Padrão
Crônica, Filosofando

A infelicidade é a força motriz?

Um dia você acorda bem, acorda plena, feliz por nada. Tudo parece bem e parece acertado. Não precisa de grandes eventos, não precisa de grandes presenças, não precisa de quase nada pra ter uma sensação boa.

O sorriso sai frouxo, os abraços são sempre quentinhos, o tempo está sempre bom, os convites parecem perfeitos, as pessoas parecem leves e a energia do mundo te chega como uma brisa suave e gostosa.

Mas esses dias passam.

E de repente você se vê acordando cansado, o corpo dolorido, os compromissos são só compromissos que você tem que cumprir. Os abraços parecem apertados ou frouxos demais, você não vê sorrisos, não vê o sol e não sente o calor da vida.

E tudo parece pesado, triste, chato e impossível de viver.

Mas esses dias também passam…

O que é o mundo, a vida se não o que pensamos dela? O que sentimos dela? A vida existe mesmo ou só existe um indivíduo que a aprecia conforme seu estado de espírito? A vida é um estado de espírito? As relações são somente isso, como eu me sinto em relação a ela?

Será que existiria uma vida boa se não tivéssemos esses momentos que pensamos que tudo é ruim? O segredo da vida será esse alto e baixo do nosso estado de espírito? Um dia somente pensamos e achamos tudo ruim e no outro não pensamos, somente agimos, e está tudo ótimo?

Quando está tudo tão penoso é nosso momento de pausa pra vivermos logo a frente um momento feliz? E se esse primeiro momento não existisse, não existiria o segundo?

Se fossemos felizes o tempo todo construiríamos alguma coisa na nossa vida ou apenas ficaríamos inertes sentindo a felicidade?

A infelicidade é a máquina propulsora do mundo? Talvez…

Padrão
Crônica, Filosofando, Pessoal

Relançamento do blog “Olhares”

“O olhar do outro modela meu corpo em sua nudez, causa seu nascer, o esculpe, o produz como é, o vê como jamais o verei. O outro detém um segredo: o segredo do que sou…” Sartre em o Ser e o Nada.

E é na ânsia de dizer o que vejo em você, no que vejo em mim e no que vejo e sinto do mundo, que anuncio o relançamento do blog: “Olhares – Do ângulo que eu quero ver! Ou que não quero, mas vejo!”

Mais uma vez estou me permitindo aquela pequena pausa cotidiana pra olhar pra dentro, pra descrever o que sinto, meus anseios, meus medos, minhas histórias, vitórias e derrotas. Ou seja, a vida como ela é, como eu a percebo, como me sinto e como ajo ou, não ajo, perante ela!

Para ser olhada e pra olhar, pra me permitir ser vista, pra te permitir identificação e quem sabe um olhar também para dentro de você.

Pois bem, o blog volta com um amontoado de publicações minhas desde 2008 até 2021, em três diferentes blogs que mantive por esse tempo. Muitos textos ficaram pra trás, outros publiquei aqui com a data retroativa. Muitos pensamentos continuam os mesmos, outros são completamente diferentes de hoje. Mas como a construção de mim mesma se baseia em tudo que um dia já fiz, vivi, senti e sofri, mantive aqui alguns pensamentos que não falam mais sobre mim, mas que já fizeram muito sentido.

Como na frase de Sartre que iniciei esse texto, que seu olhar molde a minha nudez, e que meu olhar para dentro de mim, descrito aqui nas páginas desse blog, seja uma busca nossa pelo autoconhecimento, pela autoaceitação, para descobrirmos cada dia mais quem somos e pra que sejamos cada vez mais a gente mesmo!

Que seja uma aventura para dentro de nós, cheia de fantasmas, fantasias e descobertas!

Um beijo grande!

Padrão
Crônica, Pessoal

Uma carta de amor

Não, não é o caso de melodrama e nem emocionar ninguém, não é só sobre um grande amor e nem pela perda de um. Na verdade, é sobre perda, perda do meu primeiro feito escrito, quando eu tinha 13 anos, bosta nenhuma na cabeça e achei que estava apaixonada.

Isso era idos de 1997, quando escrevi algumas coisas no papel pra mandar pra uma paixonite aguda e resolvi mostrar para minhas amigas. Entre elas, tinha uma muito mais velha, que devia ter uns 18 anos na época. Ela leu a carta e me perguntou: onde você copiou isso? porque não foi você que escreveu. Deixa-me copiar ela pra mandar pro meu namorado.

Não pensem que eu fiquei brava, chateada, magoada? Não, eu fiquei feliz com aquela frase. Ela era considerada por nós superinteligente e estudiosa e tinha duvidado que eu tinha escrito e ainda pediu pra copiar? Eu me achei muito foda! E a carta, cadê? Na memória de alguns doidos por aí ou já foram esquecidas ou quem sabe está no fundo do baú de alguém as palavras que não poderia ser minhas, mas eram!

Essa foi a primeira lembrança minha e que deu início a minha aspiração por ser escritora. Depois tive um caderno de poesia, que sumiu, e depois comecei a escrever um romance, que também não deu em nada. Tive um blog: http://anapizzol.wordpress.com, que hoje não tenho mais acesso, mas está publicado. Mantenho esse blog aqui, mas por pouco tempo, anamaquiada está morta e enterrada, e quem vos fala ainda é a Ana, mas de cara lavada!

(Por isso que eu criei esse lindo e novo blog aqui, onde reuni tudo, mas vou explicar melhor num próximo post)

Padrão
Crônica, Filosofando, Pessoal

O que mais vou virar e desvirar?

Eu poderia ter escrito esse texto há 6 meses e provavelmente o título seria: “Eu comecei a pintar!”. Sim, porque isso aconteceu e foi intenso!

Comprei muitas telas, muitas tintas e muitos materiais que estão todos jogados num canto agora pegando poeira. Meus quadros, os que não dei, eu espalhei pelas paredes da minha casa, sítio e barco. E outros estão jogados em algum lugar por aí.

Eu vivi esses momentos tão intensamente, me entreguei a minha face artista plástica, mergulhei no mundo das belas artes, falei com artistas, fiz cursos, li livros, assisti vídeos. E tão rápida foi o nascimento dessa artista, tão rápido foi sua despedida.

Queria entender esses ímpetos loucos que nos tiram de uma realidade, nos jogam em outra e de repente são simplesmente abandonados por nós.

Existe uma artista que mora em mim, não há dúvida, ainda tentando descobrir onde ela quer se manifestar. Talvez seja só aquela artista antiga de circo, que usa sapatos grandes e nariz vermelho, mas espero pelo menos dar muita risada com isso!

Padrão